sábado, 8 de agosto de 2015

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Meus respeitos à curadoria e idealizadores do Museu Du Quai Branly...

Adoro Máscaras, é uma paixão antiga. Já trabalhei com elas numa pesquisa minha sobre "diferentes materiais e maneiras de mostrar a mesma máscara ou face". Eu estava muito animada quando programei uma visita ao Museu Du Quai Branly! E, se fiz isto, foi porque tive antes a oportunidade de ver algumas fotos dele - assim, colocá-lo num roteiro como prioridade foi consequência natural!
 O que eu realmente adoro ver, não são os objetos ou antiguidades por si; numa fotografia não seriam as "velharias ou lembranças"; não são apenas os quadros em si como também não são apenas flores aqui e ali que vão nascendo no meio do mato...Não amo a Natureza apenas e sempre pelo que ela é e de todo modo como se apresenta... amo-a quando me traz beleza e agrada aos sentidos. Quando em meio dela posso me sentir bem, quando me traz equilíbrio e me lembra do ato de amar( e Deus).

 O que admiro e gosto demais de ver é quando existe  harmonia, quando o ambiente é preparado por mãos invisíveis para nos mostrar estas coisas. Quando existe apaixonamento! É o jardim, que alguém que ama flores, cultivou... Admiro o trabalho por trás do objeto, o significado, a história que motivou aquele ato criativo, e que sempre será para nós um mistério. E também o trabalho daqueles que escolhem a forma como vão nos mostrar estas coisas... não se trata apenas do fazer e do receber - é o fazer algo colocando seu espírito nele! são duas artes - a de fazer e a de mostrar, e o equilíbrio entre as duas é o que eu percebi que admiro muito, que me encanta.

A curadoria, organização, os opostos que mais uma vez convivem ali, porque por tras dos panos, para mostrar todos aqueles tesouros antigos, havia um trabalho caprichado onde a tecnologia ajudava a criar um clima de magia e mistério, inclusive com som....

Vi crianças sentadas no chão a olhar encantadas para seus professores/as que falavam sobre todo aquele mistério, sobre a História daquele tempo, ao som misterioso de batuques... as menores diziam: - Ohhhh! com certo espanto e encantamento!

Que maravilha isto!

 Quando alguém, por amor à arte ou às lembranças e cultura de um povo, tem o cuidado de contar esta história ou mostrá-la de modo a que possa ser admirada, vista, conhecida, respeitada... então a união destas coisas dá um significado maior; e o encontro se realiza.
Penso que são 2 atos..o da criação ( algo solitário ) e é quase um "doar" de si... e o ato de receber, reconhecer, aceitar ou se abrir a perceber. E no meio destes 2 atos há aquele intermediário que as vezes faz a ponte entre os dois - pode até mesmo ser o próprio criador/artista/personagem que resolve mostrar-se ao outro. Geralmente, porém há um intermediário..  
 Museus podem ser
considerados "pontes", mas para mim, o que me encanta neles é também a "forma" como alguém organiza tudo para que haja um "encontro inesquecível" entre o artista e o apreciador da arte, entre o criador e quem admira a criação.


Talvez seja como no caso do ator no teatro que apresenta o personagem( no caso é o principal de toda a trama) ao público. Sem público, o que seria do personagem, da história, dos heróis?
E sem o ator e sua forma de representar o personagem sendo-lhe fiel a ele e totalmente desprovido de vaidade, pois se o ator aparece em cena mata o personagem, como saberíamos das emoções que o personagem quer nos contar? Sem aquele que escreve como saberíamos o mesmo?


 Ir a este Museu me fez perceber, mesmo na invisibilidade,  um ato de amor,  como o do jardineiro que interfere minimamente mas de forma fundamental e harmoniosa entre a Natureza e o ambiente que vai receber o visitante. O Homem que vai ao Jardim para admirá-lo.

Há muitos jardineiros, há muitos Museus... mas este, o Museu Du Quai Branly e aqueles que o idealizaram tem meus respeitos, admiração ,me fizeram refletir nisto tudo, e sentir entusiasmo e encantamento...











fotos/texto:vera alvarenga

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