terça-feira, 7 de junho de 2011

E um homem... se fez anjo.

 
E um homem... se fez anjo.
Ele estava lá, sozinho, pensando em como continuar, qual seria o próximo passo a dar.
Sentia-se desolado com a própria incapacidade de decidir sobre o rumo de algumas coisas, com sua impotência diante do imprevisível, com a impossibilidade de controlar o bem e o mal, a dor e o medo. O que poderia dizer para dar a ela um pouco de esperança, força ou fé, diante de tão grande desafio? E ela parecia tão pequena...e frágil agora, depois das primeiras, corajosas mas frustradas tentativas em busca da própria cura.
O que poderia fazer para devolver a si próprio e ao seu coração a tranquilidade dos dias que já iam longe no tempo? Aqueles dias se foram para sempre, junto com a juventude e a inocência dos que, sem pressa, pensam que o tempo lhes pertence e permitirá que as alegrias se perpetuem na vida. A vida, agora ameaçada. Não apenas a vida dela mas, igualmente a sua, em conseqüência.
Nada e ninguém era para sempre!
De cabeça baixa, no escuro da noite, deixou que algumas lágrimas rolassem de seus olhos. Sensibilizara-se por ela, mas as lágrimas eram também por sua própria história. Ninguém veria. Ali, sozinho, estava livre para chorar, sentir o assombro diante de sua insignificância. Não tinha tanto poder como imaginara. Não tinha aliás, nenhum poder . Sentiu certo alívio por desarmar de si mesmo a postura de quem nunca perdera o equilíbrio. Sentiu-se um pouco tonto. Sentou-se. Se continuasse de pé, cairia de joelhos, numa humildade que não reconhecia em si.
Respirou fundo. Entregou-se.... não mais ao sofrimento, nem ao desânimo, nem à saudade, apenas à certeza de que não podia controlar tudo. De cabeça baixa, quis orar. Não sabia quais palavras seriam as mais adequadas, então apenas as sentiu. Assim em silêncio, orou a um Deus que nem sabia como era, um Deus só seu, que talvez nem existisse, ou nunca o ouvisse...
Este Deus tinha de ser grande agora. E ele lhe pedia por inspiração. Quem o visse daquela maneira, por aquele ângulo, juraria que neste momento, de suas costas soltavam-se quase transparentes asas, que se abriam.
Após alguns minutos, respirou fundo e levantou-se, como se estivesse mais leve. Uma idéia o animou. Já sabia o que fazer... não podia controlar o presente, nem os fatos, nem o medo dela, nem curá-la, mas podia levar-lhe uma palavra, a idéia de um sonho pelo qual lutar, um sonho que a faria desejar também ter asas, algo para crer em si.
E assim, caminhou ao encontro dela, levando consigo um desejo, uma luz. Se ela não tivesse asas, este desejo certamente a sustentaria, para além de seus limites!

E assim, aquele homem foi em direção da mulher e como um pássaro ou anjo, e sustentado por uma lembrança sentiu-se forte, emprestou-lhe suas asas, porque ela antes, já fizera isto com ele, num dia não muito distante daquele ....

foto retirado do Google images
Texto: Vera Alvarenga  

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Virtuoses das Cordas

Quem me conhece sabe como adoro os domingos no Parque...Campolim.
É maravilhoso ver tanta gente vir chegando, tranquilamente, com seus amigos, crianças, cachorros...
Atraídos pela arte, se aproximam, sentam-se nas cadeiras ou se acomodam como podem e...
relaxam, curtindo o domingo, embalados pelo som das melodias, shows oferecidos por músicos de gabarito,
que levam sua arte gratuitamente ao povo, graças a projetos culturais, como este.



sábado, 21 de maio de 2011

Flor escarlate

 Sorria. Para todos, sorria.
Conversava, partilhava, vivia.
Sozinha, conhecia o segredo
que de si não mais escondia -
a vergonha, a dor, o medo,
do amar tão tolamente,
do desejar impotente,
de sem alma, seguir em frente,
por saber-se sem esperança.
E sem conhecer, sem poder
experimentar, sem gozar
o imenso e terno prazer
de sentir-se dele e para ele
entregar-se docemente e
com ele,  amor realizado,
para sempre adorado,
seguir,  eternamente....
Amordaçou o sentimento
e, do peito dilacerado,
do sonho estrangulado,
brotou uma flor escarlate.
Foto e poema: Vera Alvarenga

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Folhas secas e Velhice...


Até nas folhas secas existe beleza!
Nas cores e texturas, ainda haverá sinais do frescor da estação que passou, nem que seja lá escondidinha, num detalhe, ou ainda em seu interior....

Nem que seja bem dentro da alma, do espírito, a vida estará lá, bela e pulsante.... como em nós.


Quando ouço alguém dizer que a vida pode começar aos 60 e que a 3ª idade é a "melhor" idade, meu Deus, penso que só assim falam porque temos que nos conformar .. . rs....

Estarei entrando para esta melhor idade, neste mes!
Estarei ficando velha!

Que susto! como passou depressa!

Não há jeito de o tempo parar de correr tanto?


Ah! mas existe uma alma de artista em mim, aquela que tem olhos para ver o belo nas coisas e nos outros.

E ao colocar a câmara frente ao rosto, tentando eternizar o instante, e com um clic, fazer parar o tempo, tenho de concordar!

Que ninguém diga que o velho é imprestável, e feio!

Nele há uma beleza imensa, forte e delicada, e triste, e terna, presente em todo aquele que sabe que a vida, como a conhecemos, se esvai de si mesmo...


...mas permanecerá ainda no outro,e na lembrança, e nas formas que ainda virão, trazendo em sua novidade, um pouquinho do que já foi antes....


Não sei o que dirão de mim...

Mas, que ninguém diga que as folhas velhas e secas não tem beleza em si !

terça-feira, 10 de maio de 2011

Como quem não quer partir....

         Verdade, o dia termina,
o outono chega e não fizemos tudo!
       Eu?  não realizei  um sonho...
aquele, pelo qual, sem saber esperei tanto!
     Sim, nem eu o sabia, até que
o reconheci, surpresa, diante de mim.
    Aquele sonho quase não era e,
passou a ser, quando outros se foram.
   Aquilo que estava dentro de mim,
que ali permanece, como se não tivesse             jamais existido...como um filho,
      luz, que pensei haver concebido
   e nada mais é do que um vazio
pleno de ternura e consciência de si,
         de sua própria pulsação,
da delicada pequenez de sua grandeza.

Mas, talvez isto não importe, seja apenas um desejo, e como tal, um dia se acabe ...
E se for sonho?  Sonhos podem viver eternamente... nostálgicos,quando não se concretizam...
Dizem, que há sonhos que ficam melhor assim, como estão- intocáveis, indestrutíveis.
Será?

Sonhos...
tantos outros realizei, alguns,quem sabe,
estejam ao alcance de minha mão;
Não!  não consigo ser, eu ,
a voz que apenas lembre a ingratidão -
o mistério da vida,ainda se faz,ao redor!
Mesmo que meus olhos denunciem
o que ficou para sempre em mim,
por ter esperado mais do que
eu talvez pudesse alcançar,
o sonho ainda brilha, mesmo assim,
como uma pequena chama
que se apaga aos poucos,
aos pouquinhos, bem devagarinho,
como quem não quer partir....  

Fotos e poema: Vera Alvarenga

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Flores de Maio

Flor de Maio ! 
Tão lindas!  Só que as minhas mudas, este ano estão murchas.... e os botões estão começando a aparecer agora, mas, é preciso saber cuidá-las para ficarem bonitas até o próximo ano!

Flores são lindas, mas precisam cuidado especial!  As minhas mudas estão murchas. As meninas que trabalharam comigo neste ano, aqui em casa, andaram afogando minhas plantas, quando regavam...depois eu mesma me descuidei um pouco. Flores são delicadas como o amor, em suas demonstrações e cuidados - é preciso atenção e comprometimento para saber a medida - nem demais, nem de menos. Contudo, o cuidado deve ser contínuo..rs.....
fotos: Vera Alvarenga

sexta-feira, 6 de maio de 2011


Domingo, dia 1º de maio o Projeto "Domingo no Parque" comemorou 2 anos !
Carlos Madia, o idealizador do projeto e sua equipe bolaram muitas atrações e um show bárbaro, que teve de ser transferido para 2ª feira, por causa da chuva. Foi uma pena, mas na noite seguinte, estávamos lá.
O show iniciou com o maravilhoso Trio Macaíba e depois com Hermeto Pascoal e seu grupo!  Foi uma noite muito agradável, praça lotada, um sucesso!

Qualquer domingo vocês podiam aceitar meu convite, que já fiz aqui algumas vezes, e a gente podia se encontrar lá na praça, para o show e para um gostoso bate papo!
Vocês já me ouviram falar do Projeto Domingo no Parque- É nosso programa em quase todas as manhãs de domingo, vamos ao parque Campolim para assistir ao show das 11 hs.
 À tarde sempre tem outro show diferente.
Na semana anterior Carlos nos fez uma surpresa - convidou-nos para irmos receber no palco uma placa, representando os frequentadores da praça, já que eles nos tem visto lá quase todos os domingos durante o último ano...rs..... e ele sabe que sou apaixonada pelo projeto. Ele queria nos agradecer, mas somos nós,frequentadores que agradecemos!
E na 2ª feira à noite, no início do show, fomos então chamados ao palco. Foi com prazer que recebemos este carinho dado por ele. Pudemos agradecer, em nome dos frequentadores, e parabenizá-lo junto com sua equipe, por este maravilhoso projeto cultural. Quero agradecer também aos músicos que ali passaram durante estes meses, nos brindando de diferentes formas e ritmos com esta arte maravilhosa -a música!
Obrigada a todos  e Parabéns!                                                            
  Fiz um acróstico de presente para eles: - Domingo no Parque...                                                       Desperto hoje mais tarde.
O dia, que beleza, está lindo!
Meu café tomo sem pressa,
Isto é bom, mas já vou indo.
Nada me pode desviar do
Gostoso e alegre compromisso.
Onde será mesmo isto?
     No carro, o marido com o jornal
     Olha o relógio, a minha espera.
         -“Pronto, à praça, vamos sem demora,
           Antes que comece o show!” comentei.
           Risos, música, leitura, diversão,
           Quero o belo, num clic, fotografar!
           Um Domingo no Parque agrada o coração
           Este é o Projeto pelo qual me apaixonei!
Acróstico :Vera Alvarenga




 




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