Mostrando postagens com marcador instintivo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador instintivo. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O espírito do pássaro dourado...

 A vida precisa de magia e da nossa própria permissão para sermos felizes, acalentando sonhos que fazem parte do deixar viver em nosso ser mais íntimo, nossos desejos instintivos, reflexo da busca de uma felicidade e equilíbrio que nos deixa em paz, leves e bem.
 Às vezes a gente esquece disto - do direito de juntar com carinho os nossos pequenos pedacinhos e de os montar de novo e de novo, quando necessário, como num mosaico lindo de nossa alma, que precisa renovar-se em nova paisagem criativa. Isto nos fará de novo brilhar com a luz do sol ou das estrelas, e nos sentir curados, porque não é possível ir para o deserto e lá viver eternamente,mais do que o tempo necessário para lembrarmos do que somos.
Eu finalmente compreendi...
...que por amor, interiorizei o espírito do pássaro dourado, o que vinha me visitar e que me despertou o desejo de sair à luz do sol. Não deste sol do mundo, mas o do ser. Ao fazer dele parte de mim, aconcheguei em meu peito uma ilusão, diriam alguns.    
   Mas está aí a magia do sonho e do amor! O amor que nele está porque nele coloquei, neste encontro na intimidade do meu ser, permite que sejam mostradas as nossas faces vestidas do sonho, sem pudor ou qualquer sentimento de inadequação, e assim podemos voltar a ser naturalmente, o que somos. Torna-se possível voltar a gostar de ser o que sou. Encontro os meus pedacinhos que julgava perdidos e construo-me lentamente de novo, com a certeza de que vivo ainda, em mim. Trago-o agora em meu coração e ele é meu. Às vezes, quase o perco novamente e temo não ser capaz do que era, mas então percebo como é importante que eu o encontre...o amor. Dele, que me traz através do meu sonho e na minha intimidade a lembrança de minha força instintiva, cuido com carinho, porque enquanto estiver dentro de mim, não me deixará esquecer o que sou e porque ainda estou aqui. E estou aqui ainda, para amar. Estando no meu íntimo, me empresta o sentimento de me saber inteira. E com ele, vivo em segredo o meu ser. E ele ainda vive comigo, a despeito de tudo, num lugar entre a lógica e meu instinto de sobrevivência.
Penso que nos sentimos perdidos quando não sabemos onde colocamos o amor que por vezes, ressurge  nas asas de um pássaro dourado como o próprio desejo de viver o que ainda podemos ser. E mesmo que, do outro lado a realidade não possa concretizar nosso sonho, vivê-lo em nossa intimidade pode fazer a diferença entre estar vivo novamente ou não.
Texto e fotos: Vera Alvarenga
a foto do pássaro é tirada de uma imagem da TV Cultura. 

sábado, 7 de janeiro de 2012

O encontro...

Estavam frente a frente.
Coragem, não sentia
de dar mais um passo...
só mais um passo a distância
que, entre eles ainda se fazia.
Olharam-se nos olhos.
Ela corou, encabulada.
O que teria a oferecer-lhe
além da casca que a cobria?
Ele a reconheceria?
Se fossem outros tempos,
talvez, impetuosa ousasse atravessar
desertos em busca desta fonte e,
segura, por saber-se desejada,
nos braços dele se jogaria.
Agora, de nada mais sabia.
Justo quando se quer mais do amor
os sentidos parecem adormecidos!
O medo a arrebatou.
Não suportou encará-lo,
não por não querer amá-lo,
era da sede, o medo que sentia.
Como mostrar-lhe quem era
numa face que o tempo marcou?
Diante dele sentia-se menina
mas só a alma livra-se do tempo,
no espelho não se reconhecia.
A consciência de sua fragilidade
a obrigava à tortura de esperar
que fosse ele a saber que dos dois,
era o que primeiro deveria ousar.
Ele compreendeu e se aproximou
e, no mesmo instante, ela se moveu.
Desfez-se o medo dos corações.
Não se queriam perfeitos, nem ilusões!
Queriam-se assim mesmo, fragmentados,
vividos,sofridos ou marcados,
carentes de amor, cientes da verdade
que não segue a lógica da razão
mas da necessária compaixão que abraça
os que se descobrem imperfeitos.
Cruel e libertador este encontro de amor!
Na pele e no toque se reconheceram
e aceitaram-se em todos os limites
de sua recém descoberta humanidade.
Foi no espaço mágico e indescritível
entre a mente e o instintivo
que eles assim, se encontraram, e se amaram
como se o tempo para eles se curvasse
e da luz de um doce encantamento
permitisse que ali fosse feita a eternidade.

poema: Vera Alvarenga
foto: retirada do blog "diários de bordo" - não continha informação de autoria.

Compartilhe com...