quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Se eu não fosse mulher...

Distraída me perguntei: - hoje,
se não fosse mulher, o que seria?
Se eu fosse o teu jardim
num dos bancos sentarias
e nas tardes dolentes
ali, comigo dividirias
momentos de tua vida...
e um suave perfume de mim,
seria o discreto sinal
de que minha alma te ouvia
com meus atentos silêncios.
Melhor ainda seria, que
alguns dias pudesse ser
como a velha jabuticabeira
a te oferecer paz e sombra
e fruto doce, de primeira...
e assim, ao olhares para mim
saberias, que de tão antiga
sou digna confidente
e, para sempre, tua amiga.                        
Nos jardins e diante de velhas árvores
os homens não precisam se esconder.
Mais adequado porém,                  
à minha própria natureza,
e talvez a tua também,
é certo, indicado seria,
que eu pudesse ser a gata,
que sempre te faz companhia,
e como quem nada quer
ao teu redor permanece,
e se aproxima, de mansinho,
e brinca, e ao teu chamado,
se deita no colo ou ao lado,
te esquentando, ronronando
e sentindo no pelo macio
o calor do teu carinho.
Poesia e fotos: Vera Alvarenga          


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ao sol, na minha janela...


Quando no poente, a tua luz
vem aquecer minha janela, eu,
que sou fria, cimento e terra,
parede nua de uma casa antiga,
sinto a vida em mim, pulsante,
e na preguiça da tarde finda,
me entrego ao sonho e
sou tua amante....


Foto e poema:
Vera Alvarenga

domingo, 14 de outubro de 2012

Primavera dourada à minha janela...

 
Mesmo com os dias de frio,
pude flutuar no tapete verde e dourado
em frente à janela do meu apartamento...

Adoro o meu terraço... a janela do escritório...
por elas posso apreciar as árvores, os pássaros,
o local onde escolhi morar, é um privilégio,
e sou grata, mais uma vez, por poder ver
a natureza ao redor do "meu ninho"....




A Primavera, agora, está dourada...


Fotos: Vera Alvarenga
   

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Um dia, compreenderás?

Jamais compreenderás
o que foste para aquela
que outrora jovem, bela,
habitava convicta, em mim?
É que ela, instintivamente,
sempre andará comigo.
Um dia, entenderás
porque docemente a saudade
me lembra de ti, e me invade,
numa insistência muda, sem fim?
É que eu, intuitivamente,
adivinhei o melhor de ti, querido.
Ainda duvidas?
Despertaste quem já morria
só pra saber da dor de viver,
esta alma, o que já não podia,
presa no tempo do envelhecer?
Pois acredita! Não é difícil entender.
Se me foi possível um querer bem
tão doce e terno... Sinceramente!
é que é fácil gostarmos de alguém
que nos mostra possibilidades novamente.
Tu, sejas o que vi em ti ou não,
por teus próprios atos e palavras
ou pela natureza dos opostos,
tu serás o bálsamo e o espinho
que machuca e cura meu coração.
Eu? de contrastes também sou feita,
e de algum modo sempre te amarei
embora não possa dar-te total perdão
porque o amor te queria perto,
e tenho ausente a alegria
de pelo menos, por ti, saber-te bem.

Foto e poesia: Vera Alvarenga

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Tudo em paz...

Respiro fundo...na verdade, nem tanto,
apenas calmamente me levanto
e vou até a porta entreaberta.
Não sigo mais tuas pegadas,
nem as vejo no meu quintal.
Tudo se faz firme e quieto,
é morno e é seguro
como é certa a calmaria
que chega após um vendaval.
Tudo respira o mesmo ar,
não há vento, nem ventania.
Tudo me inspira a bocejar
na calma da alma
que não se espanta mais.
Já nem me lembro de mim,
dissolvida em tudo,e no mesmo tom.
Devo dizer-te, então, estou em paz?
Mas ainda me emociona ouvir o som
de um sanhaço no meu jardim.

Foto e poesia:Vera Alvarenga

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