domingo, 29 de abril de 2012

O que fizeste?

Fizeste de mim o que não podia ser.
Seria teu rei, se eu a quisesse ter!
Puseste sobre meu corpo
um manto que não me serve.
Moldado sou em carne e osso
como o barro de tuas esculturas,
mas dentro, meu sangue pulsa e ferve
de minhas alegrias, não das tuas,
de minhas dores, de meus amores.
Se não sei mais sonhar, vivo.
Nem sei se ainda sei amar
mas ainda creio em meu velho instinto
e só ao meu desejo, sigo.
Quisera, contudo, compreender...
como pensei que me conhecias?
Como ouviste meus gritos mudos,
e acima de todos os absurdos,
como me colocaste assim
nas profundezas do teu ser
se nunca eu a tomei para mim?
Se nunca, verdadeiramente, me aproximei?
Não consigo crer neste laço imaterial,
irreal e antinatural, que somente uma mulher
pode, deste modo, absurdamente conceber!

Foto retirada do Google imagens.
Poema: Vera Alvarenga 

7 comentários:

  1. olá minha rica

    saudades de seus textos

    simplesmente profundo envolvente como sempre

    bjão minha rica

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  2. Adoro este teu jeito alegre de nos saldar.
    Bjão pra vc também guria!

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  3. Olá minha queria... seus poemas são de uma profundida ímpar... com eles viajo no mais profundo de mim para buscar o sentido em que me encaixe...
    Adoro isto!
    Beijo no coração

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    1. Que bom, Valéria! Então viajamos ambas e eu, por vezes, quando olho uma determinada flor ou um tronco de árvore me distraio e entro ali em suas ranhuras, e me fundo um pouco naquilo que observo mas não sou eu.Outras vezes sem grande pretensão, me distraio a imaginar o que sente um homem ou alguma mulher...
      Beijos,Vera.

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  4. “(...) Nem sei se ainda sei amar
    mas ainda creio em meu velho instinto (...)”


    Palavras advindas dum espírito que muito viu, sentiu e viveu e, sobretudo que muito ver, sente e vive que expressam inegavelmente a sabedoria de quem sempre busca na simplicidade da sabedoria, colher até mesmo dos espinhos e das lágrimas as razões da beleza que nem sempre é doce e, no entanto ensina e fortalece para a maturação.


    Meditar em tuas palavras Poetisa Vera trouxe-me com intensidade antigas recordações que de tão arraigadas em meu ser, parecem como se recentes e o bom desse recordar é que apesar da nostalgia meio que melancólica, percebo que foi forte contributo para meu crescimento como ser humano.


    Foi e está sendo um prazer muito grande conhecer um pouquinho do teu mundo, um privilégio adentrar pelas portas do teu coração e no teu reflexo, identificar um pouquinho do meu eu.


    Sinceramente muito grata por essa grandiosa partilha, por esse momento iluminado, em Ti meu abraço e meus votos de que tenhas uma noite de paz.


    Até breve Querida desde já tens em mim, uma encantada admiradora.

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    1. Sofia, lembro-me de outras vezes que visitei seu outro blog e o indiquei encantada a um amigo especial,alem de outros. Pela forma que você escreve aqui se pode ver uma amostra de como sabe colocar sentimentos fortes ou gentis em palavras que os vestem perfeitamente.
      Agradeço o carinho e suas palavras. Fico feliz de termos tido um encontro no qual olhamos uma para a outra, vimos tantas diferentes particularidades mas reconhecemos no sentimento algo que, acima de tudo, nos fez iguais.

      Ah! quero lhe dizer que conheço tal "nostalgia melancólica" ( por minha parte, dos tolos como eu, que tem a mania dos sonhos... )
      Então, até breve! Obrigada. Abraços. Vera.

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