domingo, 6 de dezembro de 2009

- "Gaivotas... céu e mar azul..."


"Ah, caminhar na areia, molhar os pés na água fresca, olhar a imensidão do mar azul, que se encontra com o céu lá no horizonte... passar por entre as gaivotas, calmamente, para não assustá-las e sentir que a gente faz parte deste cenário... é muito bom !"

Você já leu : "Fernão Capelo Gaivota ?"
É um livro maravilhoso de Richard Bach.

Leia! "É um Hino à Liberdade ... um voo para além de limites provisórios" !
As pessoas que sentem prazer por fazerem as coisas bem feitas, mesmo que seja só para elas, vão gostar muito da história desta gaivota.

Fernão era uma gaivota que não conseguia contentar-se com ser, apenas, mais uma no bando e sentir-se conformada como vítima de suas limitações.

Exatamente quando estávamos na pior crise financeira, quando parecia ao meu marido e a todos, que perderamos tudo, é que eu descobri o quanto havia força dentro de mim, para não me permitir desistir, nem me acomodar como vítima. Mais uma vez, senti claramente que éramos mais do que pessoas que apenas possuíam "coisas"... pois, apesar de tudo, ainda podíamos ter a nós mesmos e, um ao outro !

Preocupava-me com meu companheiro, pois o via desanimado e cansado, como nunca o vira antes.
 Quando a vida nos passa uma rasteira, o tombo pode ser grande. Contudo, eu sempre acreditei que, não é o fato em si, mas a maneira como reagimos a ele, que nos faz sentir menos ou mais limitados.
Poderíamos recomeçar, se pudessemos crer que dependia de nós, primeiro aceitar os fatos que não podemos mudar,com humildade e depois, seguir em frente. Sim, é preciso parar de se debater e reconhecer logo a derrota! (a realidade, às vezes, derrota nossos sonhos idealísticos, e daí ? ).
Unidos, apoiando um ao outro, passaríamos mais facilmente pelo período de "cura dos ferimentos" e em seguida, a coragem nos levantaría e, mesmo lentamente, poderíamos planejar novos voos!



Fomos morar longe dos amigos, dos filhos, num lugar onde a vida seria mais "barata e simples" para se viver... Estávamos apenas por "nossa conta" .  Por alguns meses, a solidão machucou... contudo a imensidão do céu e do mar azul ao nosso redor, a beleza da natureza, o voo das gaivotas, me fazia lembrar do que Fernão Gaivota aprendeu.
Eu me sentia grata por, apesar de tudo, poder viver aquele período difícil de minha vida, naquele ambiente bucólico, onde tudo era tão imenso e intenso, até mesmo a saudade, que eu acabava por me sentir, mais próxima de Deus... porque era preciso crer nele, para justificar a beleza ao nosso redor e, ao mesmo tempo, aguentar a "barra" !

Assim, eu lembrava a meu marido que, poucos de nós, tem a chance de se refazer, se permanecerem cegos às coisas boas, que podem estar também ali, no mesmo momento!
A crença de que Deus existe e pode estar ao nosso lado, mesmo quando nos sentimos mais solitários, era necessária . A beleza de tudo,  fortaleceu nossa fé. Era possível crer que podíamos ter, dentro de nós, também uma centelha divina da perfeição de Deus. E isto nos sustentou.
Dele tiramos as forças para recomeçar e, por nossos filhos e por nós, decidimos fazer o melhor que pudéssemos para continuar nossa jornada, planejar nossos próximos voos e, acima de tudo, com humildade reconhecermos que nada nos limitaria mais, do que nós mesmos, se nos sentíssemos prisioneiros em nossos próprios corpos ... afinal, nossas asas só ficam mais leves  quando percebemos que somos mais do que as coisas materiais que temos!

4 comentários:

  1. Que pena os dihittianos não terem lido esse texto.
    Vou recomendar na saída.

    Amiga...parece que a estrada percorrida é a mesma que a minha, incrível!

    As lágrimas que caíram serviram para limpar a visão e seguir em frente, sem tombar mais.

    É bom a gente encontrar Fernão Capelos Gaivotas pelo mundo... permite redobrar as esperanças de que também não somos sozinhos na busca pelo melhor... não o material: esse por vezes é erva danina...queima os neurônios de quem tem índole má e nunca mais se recuperam.

    Tenho esse livro comigo há muitos anos..
    Essa semana, não vais acreditar: passei numa livraria e comprei um exemplar. Só para ter presente que não posso desistir de ser feliz.

    Assisti o filme... lí o livro e até fiz uma postagem esses tempos para um dihittiano colocando o vídeo.

    É...chegastes como uma flor, minha amiga.

    beijos, Maria Souza - Porto Alegre - RS

    ResponderExcluir
  2. Amiga, tem razão : não podemos desistir de sermos felizes,nunca ! mesmo que tenhamos que desistir de ter as coisas "do jeito que a gente gostaria", ou que tenhamos que desistir de alguns objetivos, só para transformá-los em outros e para olhar p/ o lado, de olhos abertos pra ver, outras coisas que nos alegram a alma.
    Onde moro, está muito quente hoje, mas senti um arrepio ao ler sua última frase. Me emocionou e seu carinho chegou até aqui.Obrigada por sua ternura.
    Bj. Vera.

    ResponderExcluir
  3. Amiga muito lindo o texto, parabéns, ser feliz a busca constante por este sentimento.
    Abraços forte

    ResponderExcluir
  4. Obrigada, Príncipe!
    Seu blog está ótimo.
    Aproveito pra comentar: "Como Shakespeare pode ser ainda tão atual, não é?"
    abraço,Vera

    ResponderExcluir

Seu comentário é bem vindo ! Obrigada

Compartilhe com...